quinta-feira, 21 de julho de 2011

EVANGELHO DE MATEUS

Evangelho de Mateus

EVANGELHO – BOAS NOVAS
A palavra evangelho não foi criada por Jesus nem por seus discípulos. Era uma palavra de uso comum nas comunidades antigas. As guerras entre os povos eram constantes. As dificuldades de comunicação entre os guerreiros e suas cidades de origem eram muito grandes. As famílias, principalmente, aguardavam ansiosamente por notícias de seus filhos nos campos de batalha. O meio utilizado para isso era o envio de mensageiros, os quais traziam notícias sobre o sucesso ou fracasso dos soldados. A chegada do mensageiro era muito esperada. Quando ele chegava com boas notícias, então recebia uma recompensa por seu esforço. Esse presente era chamado "evangelho". Era também realizada uma festa comemorativa, que também passou a ser chamada "evangelho".
Jesus é o mensageiro de Deus que veio anunciar sua própria vitória sobre as forças das trevas e a libertação do homem. Assim, no Novo Testamento, a palavra evangelho adquire o significado de mensagem da salvação através da obra de Cristo a favor do homem (Mt.4.23; 24.14). A tradição cristã estende esse significado, usando a palavra evangelho para identificar cada um dos quatro primeiros livros do Novo Testamento, os quais apresentam relatos sobre a vida de Cristo. Assim, surge o uso plural da palavra. Nos tempos da igreja primitiva, isso seria considerado absurdo, uma vez que, para os primeiros cristãos, o evangelho era único. Outro evangelho seria considerado anátema. Como então poderia haver evangelhos? Entretanto, tal designação para os quatro evangelhos se firmou e se tornou definitiva.
ASPECTOS GERAIS DOS QUATRO EVANGELHOS
Pluralidade – Poderíamos ter 1 evangelho nas Escrituras e isso poderia ser satisfatório. Contudo, Deus quis que fossem quatro. Esta pluralidade tem sua razão de ser e seu objetivo. Um dos motivos nos parece ser o valor do número de testemunhas. A lei mosaica determinava que o testemunho contra alguém deveria ser dado por duas ou três pessoas e nunca por uma só (Dt.17.6). O mesmo princípio é utilizado por Cristo em Mt.18.16. O número de testemunhas é importante na determinação da veracidade de um fato. Assim, era importante que duas ou três testemunhas dessem testemunho sobre a vida, a morte e a ressurreição de Jesus. Nos processos jurídicos as testemunhas continuam sendo muito importantes até hoje. Em muitos casos não é possível a prova científica. Cabe então a prova testemunhal. Todo testemunho deve ser registrado por escrito. Assim também aconteceu com os relatos sobre Cristo. Alguns escritores dos evangelhos podem não ter sido testemunhas oculares dos fatos ali narrados. Entretanto, escreveram o que as testemunhas disseram. A pluralidade dos evangelhos é também valiosa por nos apresentar a mesma história vista sob ângulos diferentes.
Objetividade – Os evangelhos foram escritos tendo-se em vista um objetivo definido: anunciar as boas novas de salvação. Por esta causa, os escritores não se dedicaram a registrar pormenores da vida de Cristo, sua infância, seus hábitos diários, seu trabalho na carpintaria, etc. Eles se limitaram a mencionar a origem de Cristo (humana e divina), seu ministério (ensinamentos, milagres), sua morte, ressurreição e ascensão. Uma grande parte de cada evangelho se dedica a narrar os fatos da última semana do ministério de Cristo. (Veja João 21.25).
Unidade - Apesar de serem quatro os evangelhos, eles são harmônicos entre si. É possível se construir um relato coerente reunindo os 4 evangelhos. Eles se completam.
Diversidade – Apesar da unidade entre os evangelhos, eles não são iguais. Se assim fosse, não faria sentido a existência de quatro. Bastaria um. Existem diversas diferenças entre eles. Contudo, diferença não significa contradição. São quatro relatos distintos sobre os mesmos fatos. Algumas narrativas ou ensinamentos são apresentados exclusivamente por um escritor ou apenas por dois ou por três ou pelos quatro E mesmo entre narrativas do mesmo fato, existem diferenças entre os detalhes. Por exemplo, autor diz que Jesus curou um cego em Jericó. O outro diz que foram dois cegos. Um não contradiz o outro. Se Jesus curou um cego, ele pode muito bem ter curado outro. A contradição haveria se um autor negasse a afirmação do outro. As diferenças podem advir de várias causas. Duas narrativas normalmente relacionadas podem, na verdade, ser referência a dois episódios distintos. Uma outra possibilidade é a omissão de algum detalhe, já que tais relatos foram, no princípio, transmitidos oralmente. Assim, algum ponto poderia ser esquecido por um narrador, mas lembrado por outro. Nesse processo, o que prevalece é a nossa fé no cuidado divino para que a essência do evangelho chegasse a nós de forma íntegra. Entre os evangelhos, observa-se maior semelhança entre Mateus, Marcos e Lucas. Por isso, são chamados sinóticos, ou seja, possuidores da mesma ótica. Esse termo foi usado pela primeira vez por J.J. Griesbach, em 1774. O evangelho de João, por sua vez, apresenta um estilo todo particular.
Ordem - Os livros não se encontram dispostos em nossas Bíblias na mesma ordem em que foram escritos. Além disso, os próprios fatos narrados não seguem ordem cronológica, principalmente no livro de Mateus.
Motivos – Os evangelhos foram escritos para responder aos questionamentos da comunidade do primeiro século e também para combater as mentiras dos inimigos a respeito de Jesus. Os apóstolos começavam a morrer e tornava-se então imperioso que se registrassem suas memórias sobre o Salvador. Além disso, existiram também os motivos particulares de cada escritor, conforme veremos no estudo de cada livro.
FORMAÇÃO DOS EVANGELHOS SINÓTICOS
Sobre a formação de todos os evangelhos podemos considerar a seguinte equação:
Fonte oral + fonte escrita + testemunho pessoal (em alguns casos) = evangelho
Sobre os evangelhos sinóticos, existem várias sugestões do processo de formação. Isto se deve às semelhanças observadas entre Mateus, Marcos e Lucas, o que leva a se supor que um tenha utilizado o escrito do outro, ou que tenham tido acesso às mesmas fontes.
Uma das principais hipóteses das fontes apresenta o evangelho de Marcos como o primeiro a ser escrito. Além deste, haveria também uma fonte denominada "Q", contendo relatos sobre a vida de Cristo. Mateus e Lucas teriam então se utilizado do evangelho de Marcos e da fonte "Q" para produzirem seus evangelhos. Teriam também usado material exclusivo. Mateus teria tido acesso a uma fonte "M" exclusiva e igualmente Lucas a uma fonte "L".
Assim, os relatos comuns entre Mateus, Marcos e Lucas, seriam material original de Marcos. Os relatos comuns entre Mateus e Lucas e desconhecidos por Marcos seriam o conteúdo da fonte "Q". O material exclusivo de Mateus seria da fonte "M" e o material exclusivo de Lucas seria da fonte "L". Contudo, existem muitas dúvidas sobre a existência dessas fontes (Q,M,L) e se elas seriam escritas ou orais. Sobre a fonte "Q", por exemplo, existe a hipótese de que a mesma não tenha existido, mas que todo esse material tenha sido transferido de Mateus para Lucas ou vice-versa.
Marcos possui 678 versículos.
Mateus possui 1071 no total. Destes, 600 versículos correspondem a 606 de Marcos, ou seja, Mateus faz as mesmas narrativas de modo quase idêntico. Mateus possui 300 versículos exclusivos (M). Os outros 171 podem ter vindo da fonte "Q" e encontram semelhança com parte de Lucas.
Lucas possui 1151 no total. Destes, 380 versículos correspondem a 280 de Marcos, ou seja, Lucas faz as mesmas narrativas de modo mais extenso. Lucas possui 520 versículos exclusivos (L). Os outros 251 podem ter vindo da fonte "Q" e encontram semelhança com parte de Mateus.
Isolando-se o material atribuído à fonte "Q", obtém-se um escrito semelhante ao estilo profético do Velho Testamento. Seriam partes referentes a João Batista, o batismo, a tentação, muitos ensinos, pouca narrativa, e nada sobre a morte de Cristo.
PROPAGAÇÃO DO EVANGELHO E TIPOS DE EVANGELHO
Motivo, conteúdo e objetivo estão interligados. Motivo é o elemento que impulsiona alguém para determinada ação. Objetivo é o que se espera atingir ou realizar. No caso dos evangelhos, os motivos foram as necessidades da comunidade, a carência de registros fidedignos sobre Cristo. O objetivo maior é a salvação das almas. O evangelho é o "poder de Deus para a salvação..." (Rm.1.16). A preposição "para" determina o objetivo.
Precisamos questionar hoje os motivos que nos movem como pregadores do evangelho. Nos dias de Paulo, foram observados motivos diversos (Fil.1.15-19): inveja, contenda, boa mente e amor. Contudo, disse o apóstolo, importa que o evangelho seja pregado. Isto porque, mesmo com motivos errados, o objetivo pode, eventualmente, ser atingido, ou seja, mesmo que alguém pregue por inveja muitos podem ser salvos, já que o evangelho é o poder de Deus. Não obstante, o mau obreiro não ficará impune. Poderá até mesmo ser alguém que ajudou a construir a arca mas não entrou nela, ou como uma placa que aponta o caminho mas não o segue.
O problema torna-se maior quando aos motivos errados somam-se objetivos estranhos ao evangelho. Então, o próprio conteúdo passa a ser deformado a fim de atingir propósitos escusos (II Pd.2.1-3). Observa-se então o surgimento de um "evangelho comercial", onde as pessoas são estimuladas a fazerem negócios com Deus. Desse pensamento surge o "evangelho da prosperidade", o qual deixa para segundo plano a questão da salvação das almas e se dedica à salvação do orçamento. Toda benção material sempre será bem-vinda. Contudo, não podemos fazer disso o propósito do evangelho nem efeito essencial da sua eficácia. Zacarias profetizou sobre Cristo, apresentando-o como um rei pobre, humilde e que vinha montado em um jumentinho, quando o natural seria um rei rico montado num elegante cavalo. Contudo, o profeta diz que o Messias é justo e salvador. Eis aí o valor e o propósito do evangelho: justiça e salvação (Zc.9.9). Cai no mesmo erro a Teologia da libertação, a qual interpreta a salvação e a libertação oferecidas por Cristo como um rompimento das opressões sociais.
Cabe a cada um de nós o zelo pelo evangelho bíblico e por seu legítimo objetivo. Que não sejamos mercadores da palavra de Deus. É legítimo o sustento aos que trabalham na obra de Deus. O erro consiste em fazer do benefício pessoal a causa da obra. Igreja não é empresa. Ministério não é profissão. Evangelho não é negócio.
O EVANGELHO DE MATEUS
AUTORIA – Mateus. Seu nome significa "dom de Deus". (Mat.9.9-13; 10.3 Mc.2.13-17 - Lc.5.27-32). Era também conhecido pelo nome de Levi (Associado). Era um judeu cristão, discípulo e apóstolo de Jesus Cristo. Antes de ser chamado pelo Mestre, exercia a função de publicano, isto é, coletor de impostos para o Império Romano. Os publicanos eram tão desprezados pelos judeus que não podiam falar nos tribunais, nem se aceitava seu dízimo no templo. Sobre sua autoria em relação ao primeiro livro do Novo Testamento, tem-se o testemunho de Papias, bispo de Hierápolis (Frígia), do 2o século d.C..
DATA - 60 d.C.? (existem muitas opiniões datando entre 45 a 85 d.C.)
LOCAL - Antioquia da Síria.
DESTINATÁRIOS - Judeus
VERSÍCULO CHAVE - 27.37
PALAVRA CHAVE - cumprir (Mt.5.17). O Novo Testamento não deve ser visto como oposição ao Velho Testamento mas como seu cumprimento. O verbo "cumprir" e algumas de suas variações são encontrados em muitas passagens de Mateus. Ele pretendia mostrar na vida de Cristo o cumprimento das profecias do Velho Testamento. Sobre a lei, Jesus disse que veio para cumprir e não para revogar. Isso significa não apenas a obediência de Jesus à lei, mas também indica que, em alguns aspectos especiais, a obra de Cristo representou o cumprimento último e definitivo da lei, a consumação. Podemos afirmar isto, principalmente em relação aos sacrifícios de animais, cuja determinação teve no calvário seu cumprimento suficiente e eterno.
Em Mateus 3, no episódio do batismo, temos o questionamento de João Batista quanto ao ato de batizar Jesus. Este respondeu que era necessário cumprir toda a justiça. Era, de fato, estranho que Jesus viesse se submeter a um ato representativo de arrependimento sendo que ele nunca havia cometido nenhum pecado. O batismo é um símbolo da morte e da ressurreição de Cristo. Da mesma forma como era estranho o fato de Cristo ser batizado, seria também estranha sua morte numa cruz, considerando-se que a crucificação era destinada a pecadores. Podemos até mesmo imaginar que Deus, sendo o todo poderoso, poderia salvar toda a humanidade sem que Cristo morresse. Contudo, a resposta que lemos em Mateus 3 é suficiente para explicar tudo isso: "É necessário para que se cumpra toda a justiça". A justiça exige que para todo pecado seja imposta a punição correspondente. Impunidade seria injustiça. Assim, se fôssemos salvos sem que ninguém morresse em nosso lugar, a justiça não seria cumprida.
OBJETIVO PARTICULAR - Mateus procurou apresentar os vínculos de Jesus com a nação judaica e com o Velho Testamento, demonstrando que ele era o Rei Messias esperado por Israel. Por isso, o livro começa com a genealogia de Cristo, ligando-o a Abraão e a Davi. Como foi dito no tópico da palavra chave, o autor apresenta a ligação da vida de Cristo com o Velho Testamento através da freqüente expressão: "Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta..." Nota-se nessa expressão a soberania divina em ação. Os fatos da vida de Jesus não foram obra do acaso, mas o cumprimento do propósito predito na escrituras. Compare os textos a seguir: Mt.1.23 (Is.7.14) Mt.2.6. (Mq.5.2) Mt.2.18 (Jer.31.15) Mt.21.4 (Zc.9.9). Mateus apresenta mais de 60 citações do VT em seu evangelho.
CARACTERÍSTICAS E CONTEÚDO
Apologético - apresenta defesa do evangelho diante do judaísmo.
Doutrinal - com destaque para os ensinamentos de Cristo.
Narrações breves – Os fatos narrados são poucos e sucintos, já que a doutrina tem prioridade.
Sem ordem cronológica – O livro não apresenta fatos e ensinos na ordem em que ocorreram ou foram ditos. A ordem só é seguida em parte: no início do livro (nascimento, batismo, tentação) e no final (última semana, morte, ressurreição e ascensão). No meio, as parábolas, milagres e ensinamentos não se encontram ordenados cronologicamente.
Organização temática – Mateus faz apresenta um arranjo temático em seu conteúdo. Os ensinamentos são reunidos em cinco grandes blocos. As parábolas e os milagres também são organizados convenientemente.
Escrito para um público religioso: os judeus.
Escrito em hebraico – já que se dirigia aos judeus. Apesar desse direcionamento aos judeus, Mateus não se apresenta como um bajulador de seus compatriotas. Ele demonstra claramente que os judeus tinham prioridade no ministério de Cristo (Mt.15.24 10.6), mas mostra também a perda do espaço para os gentios, que vão dominando a cena. Mateus começa mencionando os magos no capítulo 2. Eles eram gentios e foram presentear o menino Jesus, enquanto que os judeus que serviam a Herodes não se dirigiram a Belém, embora estivessem bem informados sobre o local onde o Messias haveria de nascer. Finalmente, Mateus cita a ordem de Cristo de se pregar o evangelho e se fazer discípulos em todas as nações. (Mt.4.15; 8.10-12; 12.18-21; 21.42-34; 28.18-20.)
Mateus é o único evangelho a apresentar a palavra igreja (3x) (16.18 e 18.17).
O evangelho de Mateus contém 6 discursos de Cristo: Mt.5-7; 10; 13; 18; 23; 24-25.
Contém 15 parábolas (10 exclusivas). Um dos efeitos das parábolas é a fixação do ensinamento. Isto quando o mesmo é compreendido. Trata-se então de um recurso didático. Aliás, tal propósito encontra-se subjacente a muitos elementos e práticas do judaísmo e do cristianismo. As festas judaicas continham propósito didático. O mesmo acontece com a ceia e o batismo, embora seu sentido e objetivo não esteja restrito a esse propósito.
Mateus narra 20 milagres (3 exclusivos). Embora o número seja grande, as narrativas são resumidas.
Mateus apresenta Jesus como Rei. Tal propósito já se nota na apresentação da genealogia. A expressão "Filho de Davi" ocorre 9 vezes no livro. A palavra reino aparece 55 vezes.
MACRO DIVISÃO DO LIVRO
I - genealogia, nascimento e infância - 1 - 2
II - Ministério na Galiléia - 3 - 18
III - Ministério na Judéia - 19-28
ESBOÇO DO LIVRO (adaptado do esboço de Scroggie)
I - A preparação do rei 1.1 a 4.11
1 - a descendência do Rei 1.1-17
2 - O advento do Rei - 1.18 a 2.13
3 - O embaixador do Rei - 3.1-17
4 – A prova do Rei – 4.1-11
II - O programa do rei - 4.12 a 16.12
1 - O começo do reino 4.12-25
2 - O manifesto do reino - 5-7
3 - Os sinais do Reino 8-9
4 - Os mensageiros do Reino - 10-11
5 - Os princípios do reino - 12
6 - Os mistérios do reino 13.1-52
7 - A ofensa do reino 13.53 a 16.12
III - A paixão do Rei - 16.13 a 28.20
1 - A revelação do rei 16.21 - 17.27
2 - A doutrina do rei 18-20
3 - A rejeição do rei 21-22
4 - As censuras do rei 23
5 - As predições do rei 24-25
6 - Os sofrimentos do rei - 26-27
7 - O triunfo do rei 28
ESBOÇO COMENTADO
Todo os esboços de livros bíblicos dependem muito de quem os elabora. Podem ser encontrados diversos esboços de Mateus diferentes entre si. Isto se deve ao fato de que o texto original não continha divisões em capítulos, versículos e blocos como temos hoje. Assim, o presente esboço é uma entre tantas maneiras de se apresentar o evangelho de Mateus. Scroggie trabalhou sobre o tema do reino. O esboço mostra o conteúdo de Mateus como a apresentação do reino de Deus na pessoa do Rei Jesus.
I - A preparação do rei 1.1 a 4.11
1 - A descendência do Rei 1.1-17 – a genealogia.
2 - O advento do Rei - 1.18 a 2.13 – advento = vinda.
3 - O embaixador do Rei - 3.1-17 – Era comum entre os reis o envio de mensageiros diante de si para anunciar a aproximação da comitiva real. Iam estes anunciando em alta voz a chegada do rei. Os súditos deviam então se colocar em atitude e posição de reverência. Muitas vezes era comum que todos se prostrassem diante do rei. Da mesma forma, João Batista foi enviado na frente de Jesus para anunciar a sua chegada, cumprindo-se assim a profecia de Isaías (40).
4 – A prova do Rei – 4.1-11 – A tentação no deserto.
Dr. G. Campbell Morgan apresenta as passagens acima como a relação de Cristo com a terra (genealogia), o céu (a pomba e a voz no batismo), e o inferno (tentação).
II - O programa do rei - 4.12 a 16.12
1 - O começo do reino 4.12-25 – Jesus começou a pregar dizendo: arrependei-vos. O arrependimento é o começo do reino de Deus na vida do homem. A seguir Jesus escolhe seus discípulos. Depois do arrependimento deve vir o compromisso de seguir o Mestre. No capítulo 4 aparecem os discípulos (4.22) e as multidões (4.25). A grande diferença entre os discípulos e as multidões é o compromisso com Jesus. No fim do dia as multidões vão para suas casas, mas os discípulos continuam com Jesus. As multidões só querem receber as bênçãos. Os discípulos deixam tudo para seguir o Mestre (4.22).
2 - O manifesto do reino (as leis) - 5-7 – Manifesto = declaração pública. Jesus vem a público apresentar as propostas do seu reino. Assim como Moisés recebeu no monte Sinai as leis da antiga aliança, Jesus também sobe ao monte e promulga a lei do reino. Pode parecer estranho se falar em lei no Novo Testamento. Contudo, Paulo chega a usar a expressão "lei de Cristo" (Gálatas 6.2). Seus mandamentos atingem o interior do homem, enquanto que a lei mosaica se aplicava principalmente ao exterior. A lei de Moisés proibia o homicídio. Jesus foi além quando falou do ódio contra o próximo. Ele foi mais fundo. Como disse João Batista: "O machado está posto à raiz das árvores." (Mt.3). No Novo Testamento, Deus atinge a raiz do pecado no coração humano. Encontramos em Mateus o constante confronto entre questões exteriores e interiores. A religiosidade judaica, constituída de rituais exteriores, é permanentemente confrontada pelos ensinamentos de Cristo, não exatamente para condenar os aspectos exteriores mas para mostrar o vazio interior daqueles religiosos. Jesus veio levar o povo de Deus de um estágio superficial para um relacionamento de intimidade com o Senhor. Ao invés da idéia de um Deus distante, Jesus nos ensinou a chamar o Senhor de "Pai nosso".
Folhas e frutos são igualmente produções da árvore. Contudo, o fruto só é produzido no tempo oportuno. Nos momentos em que podemos agir com espontaneidade é que o fruto aparece. Nos nossos momentos de maior liberdade de expressão é que os nossos frutos se manifestam. Em outras circunstâncias podemos estar agindo apenas em cumprimento às exigências e expectativas sociais, atendendo a ordens ou pressões diversas. São folhas que se multiplicam, mas não são suficientes para a identificação da árvore. "Pelos seus frutos os conhecereis." Estas palavras de Jesus nos levam a concluir que podemos identificar o joio no nosso meio. Contudo, não vamos condená-lo. "Não julgueis para que não sejais julgados." (Mt.7.1).
Ainda no capítulo 5, Jesus fala sobre o caráter do cidadão do reino de Deus. Logo se observa que tudo o que ali se encontra é contrário aos ditames mundanos. É por essa diferença que os discípulos podem ser sal e luz (Mt.5.14). Sendo positivamente diferentes, poderão ser força de influência. O sal dá sabor e evita a putrefação. Porém, se o sal vier a cair por terra, será pisado pelos homens. Este é o caso daqueles servos de Deus que se tornam motivo de escândalo e vergonha para o evangelho.
3 - Os sinais do Reino 8-9 – Nessa parte Mateus apresenta alguns milagres de Jesus. Seu reino não é composto apenas de palavras, ensinamentos, mas demonstração de poder. Vemos então nesses capítulos a autoridade do Rei Messias sobre: homens, toda sorte de enfermidades (Mt. 9.35), deficiências físicas, morte, pecado, natureza, demônios. Fica em evidência o absoluto alcance do Reino de Deus. Ele abrange todas as áreas. Temos referência ao natural, ao humano e ao espiritual. Poderíamos considerar o humano como parte do natural, mas dividimos assim para visualizarmos o homem em relação ao que é natural e ao que é espiritual. É importante separarmos bem essas coisas. Nem toda doença é provocada por demônios, mas algumas são. Nem toda ventania é provocada por demônios, mas algumas podem ser, conforme se vê no livro de Jó. O que não se deve fazer é generalizar. Em muitos casos será necessário o discernimento dado por Deus. Seja de que tipo e origem for o fato, nada se encontra fora do alcance do poder de Deus.
4 - Os mensageiros do Reino - 10-11 – Os mensageiros aqui citados são: João Batista, seus discípulos, e os discípulos de Jesus. João estava passando por uma crise de dúvidas. O rei Jesus, que ele mesmo anunciara não havia tomado nenhuma providência para libertá-lo do cárcere. Surgiu então o questionamento: "Será este mesmo o Cristo?" Muitas vezes o evangelho pode não atender às nossas expectativas particulares. Alguns problemas podem persistir e isso pode trazer a frustração. Contudo, os propósitos divinos são superiores aos nossos. "E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho." O plano de Deus está se cumprindo e se alguma tribulação é permitida em nossas vidas, ela também faz parte desse plano.
Quanto aos discípulos, Jesus os envia para uma espécie de treinamento. São enviados a pregar o evangelho do reino e operar milagres. Sua missão estava restrita ao ambiente judaico. Estavam proibidos de se dirigirem aos gentios e aos samaritanos. Tais pessoas não estavam eliminadas do plano de Deus. Entretanto, para tudo há um tempo apropriado. Os judeus tinham primazia no objetivo de Cristo. Por outro lado, os próprios discípulos ainda não estavam preparados para fazer a obra entre os gentios e samaritanos. Em Mateus 28, Jesus lhes dá a ordem de pregarem a todas as nações, mas não sem o revestimento do Espírito Santo que lhes seria dado (Lc.24.49 At.1.8).
5 - Os princípios do reino – 12 – Jesus dá destaque para a misericórdia e o amor em detrimento de uma observação apenas literal da lei. Apresenta-se nesse trecho a superioridade de Cristo sobre o templo, o sábado, o profeta Jonas e o rei Salomão. (Mt.12.6,8,41,42.). O rei Jesus é superior a todos os valores e figuras importantes do judaísmo. Isso foi um choque para os religiosos tradicionais. Em seguida, observa-se o reconhecimento de Cristo por parte da multidão como sendo "Filho de Davi" (12.23). Diante de tudo isso, manifesta-se o ciúme dos líderes religiosos contra Cristo, os quais se dedicam a persegui-lo e tomam a decisão de matá-lo (Mt.12.14,15,24). Observam-se então diferentes reações diante de Cristo, e assim ocorre até hoje.
Os fariseus, saduceus, escribas e sacerdotes são mencionados nas seguintes passagens do evangelho de Mateus: 3.7; 5.20; 7.29; 8.19; 9.11,14; 12.14; 13.52; 15.12; 16.1,21; 21.23; 22.23; 23,2,13,14,15; 23.23,25,27; 27.1,41. Ao observarmos a grande quantidade de referências, notamos que esses religiosos eram assíduos seguidores de Cristo (perseguidores). Eles compareceram a todos os eventos mais importantes da vida de Cristo, desde o batismo até a cruz. O que poderia ter sido um experiência transformadora em suas vidas foi perdido por um erro de propósito. Estavam seguindo a Cristo para matá-lo. Que tipo de seguidores somos nós? Judas também era um seguidor. Seu propósito em seguir o Mestre era a obtenção de vantagem pessoal, financeira. Tal ganância era tão grande que, não satisfeito com as ofertas que furtava, vendeu o próprio Senhor para obter mais 30 moedas.
6 - Os mistérios do reino 13.1-52 – Jesus apresenta, por meio de parábolas, diversas características do reino, as quais se encontram ao mesmo tempo ocultas e reveladas. Ocultas para a multidão e reveladas para os discípulos. O início é uma semente: a palavra de Deus. A obra criadora começa com a palavra dita pelo Senhor: "Haja luz." (Gn.1). Este é o padrão divino para as suas obras. Por isso ele nos envia sua palavra para que se produza em nós a sua vontade. Voltando a Gênesis, encontramos, no capítulo 3, a palavra do Diabo, a semente do maligno. Esta se encontra sempre agindo paralelamente à palavra de Deus. O Senhor nos fala algo e logo vem o inimigo com sua versão. "É assim que Deus disse?..." Esta mensagem pode vir de várias formas. Uma delas é o conselho dos ímpios (Salmo 1) ou o conselho de um cristão vacilante (Mt.16.22). Como se vê na parábola do trigo e do joio, cada tipo de semente gera um tipo de caráter. Em Gênesis 3.15 temos a palavra semente como sinônimo de descendência. Aparecem ali duas descendências: a semente da mulher e a semente da serpente. Seriam então os filhos de Deus e os filhos do Diabo que se encontrariam misturados durante a história e inclusive no reino apresentado por Cristo (trigo e joio). Essas duas linhagens se encontram representadas em indivíduos como Abel e Caim, Isaque e Ismael, Jacó e Esaú, Davi e Saul, etc. Em todos os casos, o joio está perseguindo o trigo e tentando destruí-lo. No Novo Testamento, vemos os fariseus perseguindo Cristo e tentando destruí-lo. João os chamou de "raça de víboras". Jesus também usou a mesma expressão (Mt.23.31-35) e acrescentou que eles seriam réus do sangue dos justos, desde Abel até Zacarias. Observe o vínculo que Cristo fez entre os justos. Não seria um vínculo genealógico natural, pois tudo indica que Abel tenha morrido sem deixar descendência. Outro detalhe importante é que Jesus estabeleceu uma ligação entre Caim e os fariseus ao cobrar destes o sangue de Abel, morto por Caim. Sendo raça uma descendência e víbora uma serpente, temos então uma ligação com Gênesis 3.15 e a semente da serpente. Além disso, Cristo chamou os fariseus de "filhos do Diabo" (João 8.44).
As parábolas nos mostram essa mistura até mesmo no reino. Trigo e joio crescem juntos. O reino é também comparado à rede que apanha toda espécie de peixe. Contudo, Cristo avisa sobre o juízo final, quando haverá a separação. Isso se mostra também na parte profética do livro (cap.24/25), quando se fala das virgens prudentes e das néscias, do servo fiel e do infiel, dos bodes e das ovelhas. Nesse ponto, Cristo é apresentado como juiz, pois a ele cabe a decisão que separa os bons dos maus.
Apesar de mostrar essa diferença entre as pessoas, Jesus não apresenta tudo isso como um quadro imutável. Há esperança para o ímpio, o joio, o injusto. A palavra de Deus, a santa semente divina, nos é enviada com o propósito de nos transportar do império das trevas para o reino da luz (Colos.1.13). Todos nós éramos, por natureza, filhos da ira (Ef.2.3), filhos da desobediência (Ef.5.6; Colos.3.6), mas fomos regenerados pela palavra de Deus (I Pd.1.23). Foi enxertada em nós a semente bendita do Senhor, por meio da qual somos feitos filhos de Deus (João 1.12).
Outro aspecto abordado por Jesus é o crescimento do reino. Ele começa do interior do homem para o seu exterior. O reino de Cristo começa nos corações, mas no futuro atingirá todo o mundo (Apc.11.15). Outra figura para o crescimento do reino é o fermento, o qual não se vê, mas apenas seu efeito é notado. Nota-se novamente o aspecto do reino com algo interior, oculto, guardado no íntimo. O mesmo se observa em sua comparação com a pérola e o tesouro escondido. Nessas parábolas, acrescenta-se ao reino a característica de grande valor, ao ponto de ser sensata toda a renúncia que se fizer para alcançá-lo. Tal renúncia não é compreendida pelas pessoas, pois não estão vendo a pérola nem o tesouro (II Cor.4,2,3,4,7).
7 - A ofensa do reino 13.53 a 16.12 – Após encerrar suas parábolas, Cristo se dirigiu à sua Nazaré, onde foi rejeitado por seus compatriotas. Em seguida temos o relato da morte de João Batista. As reações negativas contra o reino tornam-se mais intensas. Os fariseus entram em cena novamente em perseguição ao Mestre (15.2; 16.1). Surge então o fermento maligno contra o fermento do reino (16.6). As obras malignas também crescem. A perseguição contra Cristo estava crescendo. As falsas doutrinas, as palavras do inimigo, podem produzir algum tipo de crescimento. A serpente disse que Adão e Eva iriam adquirir conhecimento. Isso poderia ser visto como um tipo de desenvolvimento para eles. Contudo, tal crescimento não estava no plano ou na hora de Deus para o homem. Da mesma forma, existem muitas maneiras de se crescer na vida. Algumas delas incluem a exploração ao próximo e a transgressão de normas. Não deixa de ser um crescimento, porém cresce também o ônus para quem assim age. É o fermento maligno, acerca do qual o apóstolo Paulo adverte os coríntios (5.7). Dentro desse raciocínio alegórico se encaixam as determinações de abstinência de tudo o que fosse fermentado ao se realizar a páscoa. A fermentação, vista sob o seu aspecto negativo, está relacionada à putrefação.
III - A paixão do Rei - 16.13 a 28.20
1 - A revelação do rei 16.13 - 17.27 – Embora Jesus já fosse publicamente conhecido há um bom tempo, as pessoas não sabiam muito bem quem ele era. Sabiam apenas que Jesus curava os enfermos e multiplicava os alimentos. Nem os discípulos possuíam uma visão definida sobre ele. Ocorre então a revelação. Primeiro Jesus pergunta: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" E eles disseram: Uns, João Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas." (Mt.16.13-14). Notamos a confusão de opiniões sobre Jesus. Eram muitas e todas equivocadas. A mais absurda era de quem pensava se tratar de João Batista ressuscitado, uma vez que João e Jesus foram contemporâneos. A confusão de opiniões persiste ainda hoje. Muitos dirão que Cristo foi um grande mestre, um profeta, um filósofo, um revolucionário, um fundador de religião, um espírito de luz, etc. Mesmo sendo verdade sua qualidade de Mestre e profeta, essas palavras são totalmente inadequadas para defini-lo. Jesus continua interrogando os seus discípulos: "Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." (Mt.16.15-16). Pedro recebeu uma revelação divina, como se faz necessário até hoje. Jesus é o Filho de Deus e isso supera todas as definições anteriores. Desse modo, fica evidente a superioridade de Cristo sobre João Batista, Elias, Jeremias e todos os outros profetas (Hb.1.1-3). No capítulo 17, aparecem no monte Elias e Moisés. Ouve-se então uma voz do céu que diz a respeito de Cristo: "Este é o meu Filho amado. A ele ouvi." Nesse momento, Moisés entra para a lista. Fica demonstrado que Cristo é superior à lei e aos profetas. Até esse ponto do livro, já foi apresentada a supremacia de Jesus em relação a todos os valores e figuras importantes do judaísmo.
A revelação do rei estava se desenvolvendo de forma muito agradável para os discípulos até que Cristo passa a dizer-lhes que era necessário sua ida a Jerusalém para morrer e ressuscitar (Mt.16.21; 17.22-23). A revelação da morte do Rei foi assustadora para os discípulos. Isso era totalmente contrário à expectativa que eles haviam alimentado em relação ao reino de Deus. Pedro chegou a dizer que de maneira nenhuma aquilo aconteceria. Jesus lhe repreendeu dizendo: "Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens." (Mt.16.21-23). Tal decepção pode acontecer com muitos cristãos que possuem apenas uma expectativa humana em relação ao evangelho. Muitos pensam que o cristianismo deverá nos proporcionar apenas alegrias, felicidade, bem estar, prosperidade e satisfação. Contudo, Jesus nos advertiu: "No mundo tereis aflições." (João 16.33). Na seqüência de Mateus 16, Jesus diz aos seus discípulos: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me" (Mt.16.24). A cruz faz parte deste caminho. As provas, as tribulações, as tentações, fazem parte do plano de Deus. Paulo escreveu aos romanos: "...também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança." (Rm.5.3-4). Se não tivéssemos a tribulação também não teríamos os resultados positivos que ela produz em nós. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto." (João 12.24). Se não houver morte também não haverá ressurreição.
2 - A doutrina do rei 18-20 - Conforme deduzem alguns comentaristas, uma das preocupações de Mateus era o atendimento das necessidades da sua comunidade, a igreja. Por isso ele selecionou e organizou seu material da forma com o temos hoje. Nesses capítulos encontramos ensinamentos de Jesus sobre humildade, o valor de uma alma, o perdão, decisões da igreja, divórcio, o perigo das riquezas e as recompensas aos seus seguidores.
3 - A rejeição do rei 21-22 – Os judeus recebem Jesus em Jerusalém com entusiasmo. Porém, estranham sua atuação no templo, quando ele expulsa os comerciantes e derruba suas mercadorias. Da mesma forma muitos estranham as mudanças que Jesus deseja fazer em suas vidas após terem-no recebido como Salvador. Na seqüência, Jesus conta uma parábola que mostra a chegada dos gentios para o reino, enquanto que os judeus ficam em último lugar. Em todo tempo os fariseus ouviam tudo isso. Porém, nunca entendiam o alerta de Jesus. Sempre se viam ameaçados por ele, quando deviam vê-lo como salvador. E assim, se punham sempre em atitude de perseguição e isto apenas se tornava cumprimento das próprias palavras de Cristo.
4 - As censuras do rei 23 – Até então, os fariseus vinham praticando um tipo de "perseguição teológica" contra Jesus. Tentavam colocá-lo em dificuldade afim de apanhá-lo em alguma palavra. Jesus, por sua vez, vinha administrando o conflito de forma amigável. Porém, no capítulo 23, Jesus parte para o confronto. Ele usa palavras duras e revela publicamente toda a corrupção dos fariseus. Com tudo isso acrescentado ao episódio do templo, aqueles religiosos já se consideravam de posse de motivos suficientes para condenar Jesus à morte.
5 - As predições do rei 24-25 - Temos nesse trecho um discurso apocalíptico de Jesus. É a escatologia do Mestre tratando dos sinais dos últimos tempos, o surgimento de falsos cristos, sua segunda vinda, o arrebatamento, o juízo e a eternidade. Fica demonstrada então o conhecimento de Cristo sobre os eventos futuros, exceto sobre o dia da sua vinda. Já que ninguém sabe esse dia, senão o Pai, Jesus reforça bem a necessidade de vigilância por parte de seus seguidores. Alguns fatos previstos nesses capítulos relacionam-se à destruição de Jerusalém no ano 70. Isso é claro em relação ao templo (Mt.24.1-2). No texto dos versículos 15 a 21, temos uma referência à Judéia e ao lugar santo. Nota-se, portanto, uma indicação específica para os fatos que haveriam de acontecer em Jerusalém. Não obstante, algumas profecias podem se aplicar a mais de um momento histórico. Além disso, muitos versículos dos referidos capítulos não tiveram seu cumprimento no ano 70. Sobre o próprio templo, uma de suas paredes ainda se encontra de pé até hoje e recebeu o nome de Muro das Lamentações. Jesus disse que ali não ficaria pedra sobre pedra. Então, resta ainda um cumprimento final para aquela profecia do Mestre.
6 - Os sofrimentos do rei - 26-27 – As autoridades religiosas levaram às últimas conseqüências sua perseguição ao mestre. Essa parte trata da traição de Judas, prisão e morte de Jesus. Até nesse momento, o título real acompanha o Messias. Sobre sua cruz se coloca a inscrição em caracteres romanos, gregos e hebraicos: "Este é Jesus, o Rei dos judeus." (Mt.27.37 Lc.23.38). O que, para os algozes era uma acusação contra Cristo, tem maior significado como acusação contra seus próprios malfeitores. Mataram o rei dos judeus. Tal escrita torna-se mais significativa ainda quando a vemos como uma declaração para o mundo a respeito de Cristo. Ali estava a verdade. A partir de então, cabe a cada ser humano aceitá-la ou rejeitá-la. Contudo, isso não mudará a essência da afirmação, a qual foi escrita nos três principais idiomas daquela região. Embora o aramaico não tenha sido usado, bastavam os caracteres romanos, hebraicos e gregos para que qualquer pessoa que por ali passasse pudesse ser capaz de ler aquela frase. A mensagem da cruz é para todos, a todos foi dirigida e quem quiser ignorá-la não terá outro caminho de salvação.
7 - O triunfo do rei 28 – Encerrando seu livro, Mateus fala sobre a ressurreição de Jesus. Está então demonstrado o poder triunfal do Rei Messias sobre sua própria morte. Agora, tendo recebido todo poder nos céus e na terra, ele dá ordens aos seus discípulos para que levem o evangelho a todas as nações
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